segunda-feira, 30 de abril de 2012

Atividade 2 - Módulo 3  -   Interrogatório


PRECILA RODRIGUES


O Interrogatório – Catarina
Um som incômodo faz com que ela desperte. Abre os olhos e, ainda muito sonolenta, tenta entender que som a despertou. Consulta o relógio de cabeceira: são 5h50. O som parece vir de fora do quarto de seu pequeno apartamento. Levanta-se, ainda se debatendo em perguntas sem resposta. Não se lembra do que aconteceu na noite anterior, depois que se sentou ao lado daquele moço na festa de seus amigos Karen e Carlos.
Vai ao banheiro, escova os dentes, lava o rosto, tentando desanuviar sua mente. Sente uma pontada de dor na cabeça. Ouve novamente a campainha da porta e, só então, reconhece o som que a despertou. Chacoalha a cabeça na tentativa de pôr em ordem suas lembranças da noite anterior. Nada. Enxuga-se, sai do banheiro e caminha até a porta. Destranca a fechadura e abre a porta. Nada de se lembrar nem sequer de como chegou a casa, ou até sua cama... Vê um homem caído na soleira. Corre o olhar em torno e constata que não há ninguém mais no corredor. Está completamente só... as sensações de uma noite mal dormida vindo a tona. Abaixa-se. Toca o homem com os dedos. Sente que o corpo está frio e rígido; desperta completamente da letargia e sensação de irrealidade que a cerca. Então, percebe que é um cadáver.
Agora, com a mente alerta, olha com atenção para o rosto do homem caído a sua porta, o sangue que escorre de sua nuca e constata que o conhece! Mas de onde? As imagens começam a se formar a sua frente como um filme que agora é de terror. Lembra-se de que esse é o mesmo homem com quem dividiu a mesa na festa. Corre para o telefone, disca para Karen na tentativa de identificar o moço e, só então, se lembra de que ainda não são nem seis horas. Desiste de acordar a amiga.
Disca o número da central de polícia e imediatamente percebe que não tem nenhum álibi, pois se nem ela mesma se lembra do que aconteceu!
- Central de Polícia, bom dia! Em que posso ajudar?
- Aqui é Catarina. Acabo de encontrar um homem morto em minha porta. A campainha tocou e, quando abri a porta, me deparei com um cadáver.
- A senhora conhece o morto? Tem alguém aí com a senhora?
- Não, não para as duas perguntas.
- Como não conhece? Qual seu endereço? É seu marido? Namorado?
- Meu endereço é Alameda das Orquídeas, 200, apartamento trinta e seis. Não é meu parente, não o conheço!
- A polícia já está chegando aí. Não se evada do local dos fatos!
Sirene. Policiais chegando. Barulho de passos na escada. Adentra o Delegado Mendonça:
- Mão na cabeça! Não se mexa!
Medo. Delegacia. Mais interrogatório.
- Tem certeza de que não se lembra de nada sobre a noite passada? Saiu com ele da festa? Ele dormiu na sua casa? Mora com mais alguém? É usuária de drogas ou bebe demais? Bla, bla, bla?
A cabeça rodando. Um som vindo de longe se aproxima cada vez mais de sua consciência. Escuta o delegado Mendonça falando com um policial que acaba de entrar: foi um acidente... acidente...cidente....dente....te...te...te...te... Desperta. É o relógio que toca, despertando-a desse pesadelo.
Precila Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário