segunda-feira, 30 de abril de 2012


Atividade 2 - Módulo 3
Interrogatório



ILDA LUCIA ALVES FERREIRA MATSUI
A morte bateu em minha casa
Abri os olhos e olhei o relógio de cabeceira para ver as horas. Eram 5:00 horas da manhã.Levantei-me e fui ao banheiro. De repente, ouço a campainha tocar. Saio às pressas e destranco a fechadura da porta, ao abri-la, vejo um homem caído na soleira.Levo um grande susto e meio apavorado olho em torno, mas não há ninguém no corredor. Abaixo-me e com os dedos trêmulos toco no homem. Sinto que seu corpo está frio e rígido. Percebo que é um cadáver e corro angustiado para o telefone. Com grande dificuldade e com as mão trêmulas tento discar o número da central de polícia.
- Delegacia de polícia, bom dia!
- Policial, venha até minha casa.
- O que aconteceu?
- Há um cadáver na soleira de casa.
- Quem está falando?
- Ticio Silva.
- Seu endereço, senhor?
- Rua da Figueira, 113. Jardim das Nações.
- Senhor, seu telefone, por favor?
- 9851-3098
Neste momento, ouço o barulho da sirene do carro da polícia que se aproxima de minha casa, vejo o delegado descer com sua equipe do carro, ele é alto,gordo, aparenta ter uns trinta e cinco anos, bigodudo e com um grande olhar de superioridade ,junto com eles percebo que há muitos repórteres, tirando foto do falecido e uma grande multidão de curiosos que se aproximam. Minha casa está completamente cercada.
- Quem é o dono da casa?
- Sou eu, Sr. Delegado .
- Qual o seu nome?
- Tício da Silva.
- O Sr. conhecia a vítima que foi assassinado?
- Não, senhor.
- Já o viu pelas ruas, em algum lugar na cidade?
- Não.
- O senhor tem alguns inimigos?
- Que eu saiba não.
- Quantas pessoas que moram na casa?
- Só eu senhor.
- Ouviu algum barulho, algum tiro ontem?
- Não, não ouvi nada.
- O Senhor não acha estranho, um cadáver ser jogado em sua porta?
- Não tenho nada a ver com isso, delegado, alguém deixou o corpo aí e se mandou, retruquei nervoso.
- Sr. Tício, o senhor autoriza vistoriar sua casa, preciso encontrar alguma pista?
- Autorizo, sou inocente, Sr. Delegado,confie em mim.
O delegado ordenou aos policiais que adentrassem a minha casa a procura de vestígios e outras provas que possam estar ligadas ao crime.
- Guardas, revistem toda a casa.
E o delegado continuava incansavelmente o interrogatório,queria solucionar o caso e culpava-me pelo crime.
- O senhor não acha estranho um corpo ser encontrado na porta de sua casa, conte a verdade, insiste o delegado impaciente.
- Ué, alguém pode ter matado e jogado o corpo na porta de minha casa para incriminar-me, mas não tenho nada a ver com isso, não. Isso é armação, alguém cometeu o crime e está tentando jogar a culpa em cima de mim, pois tocaram a campainha e quando abri, encontrei o corpo.
- Que horas que apertaram a campainha?
- Eram 5:15 da manhã.
- Quanto tempo o senhor mora nesta casa?
- Faz dois anos.
- Conhece a vizinhança?
- Não senhor, ainda não deu tempo para fazer amizades, mas sempre que vejo um vizinho cumprimento-o.
- Qual é seu serviço?
- Sou aposentado e cato material reciclado pelas ruas.
De repente, o soldado grita lá no fundo:
-Delegado, há marcas de sangue na camisa, e tem muita bagunça espalhada pelos cômodos,roupas sujas jogadas no canto, há várias fitas de filme, DVDs jogados e um quarto cheio de sujeiras, parece material reciclável, venha até aqui examinar.
- Nossa! Que bagunça! Que nojeira! O senhor está preso, até as conclusões do caso. Então, é melhorar ir contando a verdade do que aconteceu. E esta camisa toda cheia de sangue?
- Sou inocente, Senhor, não matei ninguém, eu cortei o dedo com a faca fazendo minha comida ontem à noite.
- O Senhor será preso se não começar a contar realmente o que aconteceu, diz o delegado com prepotência.
- E quem é o senhor para me prender? retruquei.
- Sou uma autoridade policial.
- Pode ser, mas não tem o direito de ficar me acusando o tempo todo, humilhando-me como se fosse o culpado. Afinal, não matei ninguém e nem fui pego em flagrante.
- Você está preso por desobediência à autoridade, por ser mentiroso.
- Respeite-me, senhor delegado, olha que sou muito mais velho do que senhor.
Neste momento o telefone celular do delegado toca:
- Alô, delegado Malaquias.
- Senhor, há novidades do crime que está investigando, temos uma testemunha que precisa ser ouvida, ela diz que sabe quem matou o rapaz e presenciou a cena do crime.
- Está bem, irei até aí imediatamente.
- Soldados, apreendem a camisa com manchas de sangue e outros materiais suspeitos, eles precisam passar pela perícia.
Fui algemado e quando sai lá fora, vi uma grande multidão de pessoas curiosas que aguardavam a minha saída. Até escutei um grito forte dizendo:
- Velho assassino!Velho assassino! Prenda-o! Mate-o!
Na delegacia fiquei aguardando e esperando até ser ouvido novamente pelo delegado.
Depois, de ter ouvido a testemunha, o delegado ficou sabendo que o homem que foi morto estava envolvido com drogas e gangues, ele era muito conhecido na vizinhança, devido a vários roubos que cometera, porém nunca tinha sido preso, os vizinhos tinham muito medo de denunciá-lo, porque julgava vingança de matar a todos de quem mexesse com ele.
O delegado ordenou aos soldados que me soltasse e na última conversa que tive com ele, pude perceber o ar de pouco caso, ele nem olhou em meus olhos, nem pediu desculpa pelo erro cometido, me analisou com a cabeça baixa e um ar de pouco caso e desprezo.
Saí da cadeia cabisbaixo e desfalecido, não conseguia andar, parecia que minhas pernas não tinham mais forças para se movimentar.Caminhei muito pensativo para casa, de como somos analisados e julgados por pessoas que não nos conhecem, como este mundo é injusto e desumano,principalmente com os mais pobres e velhos. Hoje, fui tratado como um bandido, um criminoso, um lixo, afinal sou mais um catador de lixo, mas mereço respeito.Sou um cidadão honesto, eu sei ler e escrever e pago as minhas contas,no entanto, a justiça divina não falhou e estou livre novamente.

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