Interrogatório: Lição de vida
Vejam só como são as coisas, tinha eu uma vida tranquila...tranquila, que se
resumia de casa para o trabalho e do trabalho para casa e uma vez por semana ida
ao supermenrcado, para compras da semana. A vida nos prega peças em que ficamos
sem rumo.
Ao esperar a vinda do ônibus, eu lia as reportagens que o jornaleiro
colocava expostas em sua banca e adorava dar a minha opinião, criticar tudo o
que lia, assim, logo julgava as pessoas dos noticiários do jornal. Noticias de
artistas e esportistas eram as notícias que eu mais gostava de ler.
Acontece que em um belo dia que parecia ser apenas mais um dia, como
qualquer outro, engano meu.
Como lhes disse, a vida nos prega cada peça... Que até me dá um arrepio na
espinha só de lembrar da situação pela que passei, e sem querer.
Era segunda-feira, cinco horas da mahã de 29 de maio de 2012. Achei que
seria mais uma tranquila semana. Engano meu, a minha rotina matinal foi quebrada
não pelo despertador de cabeçeira, mas sim, pelo toque da campanhia da porta,
levantei imediatamente, coloqueios meus chinelos, caminhei na direção da porta,
olhei pelo olho mágico, não avistei ninguém.
Resolvi então escovar os dentes, tomar meu banho, tomar meu café, escovar
novamente os meus dentes, pegar minha pasta, as chaves da porta e sair para o
trabalho. Até então, a não ser pelo toque da campanhia minutos antes estava tudo
normal.
Quabdo ao abrri a porta deparei-me com um homem caido na soleira, fiquei
desesperado, passei a mão pela cabeça olhei para ver se não tinha mais ninguém
no corredor, abaixei-me, toquei o homem com os dedos, senti que o corpo estava
frio e rígido, neste momento tremi mais que vara verde, não sabia se gritava por
socorro, se ligava para alguém, quando me veio a cabeça, ligar para a polícia.
Corri para o telefone e disquei para a polícia, falei com o delegando Romão, que
me orientou a não deixar o local e nem deixar ninguém mexer no cadáver. Retornei
até à porta e tinha neste momento vizinhos ao redor do corpo querendo saber do
ocorrido, eu não sabia falar nada, somente falava que não tinha feito nada, e
que era inocente.
Mas as pessoas, sem saber da verdade criticavam, ouvi comentários daqui e
dali, neste instante ouvi algo que fez o meu chão cair, estavam cogitando a
hipótese de eu ser o assassino e pensei se os meus que vizinhos sabem da minha
condulta e estão falando isto imagina a polícia.
Ao longe ouvia a sirene da viatura policial, que foi ficando cada vez mais
perto, e logo estavam ali na porta do meu apartamento, isolando a área, fazendo
perguntas para todos os moradores, mas ninguém tinha vista nada de
anormal.
Então me convidaram para acompanhá-los até a delegacia para prestar
esclarecimentos, já que era a primeira pessoa a encontrar o cadáver.
Na delegacia fui recebido pelo delegado Romão, que me deixou mutio nervoso
com seu interrogatório. Parecia que eu era o criminoso.
O delegado perguntou:
_ Você conhecia a vítima?
_Não, senhor.
_Na manhã do crime o senhor não escutou nada de diferente?
_Não, eu já falei.
_Calma rapaz, está nervoso?
_Não delegado, eu não estou nervoso.
_Fique sabendo que o senhor está aqui só para prestar esclarecimentos,
somente isto.
_Mas não parece doutor, eu já disse tudo o que aconteceu, e continua me
perguntando e questionando a mesma coisa.
_É só para termos certeza de que não está esquecendo de nada.
_ Tá certo doutor.
_ O senhor me disse que ouviu a campanhia tocar pouco antes de se
levantar.
_Sim. A campanhia tocou pouco antes do meu relógio despertar. Fui verificar
e não avistei nada.
_O senhor abriu aporta?
_Não, apenas olhei pelo olho mágico.
_ Ah! Sei. Alguém tocou a campanhia de sua casa e o senhor só olhor pelo
olho mágico?
_É!
_Então o que o senhor fez após escultar a campanhia tocar e olhar pelo olho
mágico?
_Já disse doutor, não avistei nada, como o meu relógio ja estava para
despertar, comecei a me arrumar como de costume. Doutor eu não conhecia aquele
homem, nunca o vi em meu prédio.
_Eu acredito no senhor...fica tranquilo. Acabamos de descobrir a identidade
do homem encontrado morto na sua porta, aquele homem é dono de uma das redes de
restaurantes mais importantes do Brasil.
_ Então eu já estou dispensado.
_Calma lá, disse ter descoberto a identidade do homem, não que o senhor
estava livre.
_Então estou preso? Eu não matei aquele homem, já lhe falei, doutor.
_Delegado! Não sei o que lhe dizer. Pelo amor de "Deus" eu já lhe disse
tudo, tudo, o que aconteceu.
_Tá certo, vou dispensá-lo, pois tem residência fixa e trabalha há muitos
anos no mesmo local e qualquer dúvida podemos convocá-lo a depor, que o senhor
virá, certo?
_Claro que sim.
Neste instante, notei alguns fleches e vozes que parecia ter uma festa no
saguão da delegacia. Percebi que os repórteres estavam loucos para fotografar a
pessoa que estava sendo interrogada pela morte do importante dono da rede de
restaurantes, no caso eu. Saí pela porta dos fundos da delegacía. Acredito ter
saído sem ser fotografado. Nossa senhora! Parece que aquele dia não iria acabar.
Fui para casa, não consegui comer nada, me joguei na cama, fiquei olhando para
o teto somente pensando na situação que acabara de passar, e se algum
daqueles repórteres conseguiram uma foto minha, seria a notícia do jornal lá na
banca, e já imaginei os comentários e os julgamentos digiridos a minha
pessoa.
Hoje, sei o que é pré-julgar as outras pessoas. Os jornalistas fazem
o trabalho que é passar a notícia, com a intenção de vender o maior número de
exemplares possíveis, sem pensar no que ela pode causar na vida das pessosas
como eu, de vida tranquila e pacata. Com esta situação vivida aprendi que não se
deve julgar para não ser julgado, pois o mundo dá voltas e, numa dessas
voltas podemos fazer parte mesmo que involuntariamente.
Sandra Regina Pacheco A. Araujo